Paulo Cesar Lopes


OS PAÍSES DO ORIENTE SOB O OLHAR DO CINEMA OCIDENTAL CONTRIBUEM PARA UM ESTEREÓTIPO NEGATIVO DOS POVOS ASIÁTICOS
Paulo Cesar de Almeida Barros Lopes

Said, um estudioso do Orientalismo, em relação ao conflito árabe- israelense, declarou:
“Passei boa parte da minha vida nos últimos 35 anos defendendo o direito do povo palestino à autodeterminação, mas sempre procurei fazê-lo, mantendo-me totalmente atento à realidade do povo judeu e ao que ele sofreu em matéria de perseguição e genocídio. Mais importante que tudo é dar ao conflito pela igualdade na Palestina e em Israel o sentido de perseguir um objetivo humano, ou seja, a coexistência e não o aumento da supressão e da denegação. Não por acaso chamo a atenção para o fato que o orientalismo e o antissemitismo moderno têm raízes comuns. Assim sendo, considero uma necessidade vital que os intelectuais independentes apresentem sempre modelos alternativos aos modelos redutivamente simplificadores, baseados na hostilidade mútua que há tanto tempo prevalecem no Oriente Médio e em outras partes do mundo”. (SAID, Orientalismo [edição de 2004], p. 20).
Segundo André da Silva Bueno (2012) o orientalismo pode ser entendido como uma visão eurocêntrica do oriente, a qual o ocidente, em especial a Europa entende que os povos do oriente podem ser considerados inferiorizados, em sentido racial e cultural. É imperativo afirmar que esta visão se amplia à medida que percebemos o aumento do alcance da expansão colonial, pois a mesma teve como ferramenta de legitimação do orientalismo, que foi pautada também no ensejo de uma tentativa de redenção das nações do oriente ao eurocentrismo. É válido destacar, que o orientalismo verdadeiro deve transcender o conceito eurocentrista dos séculos passados, pois somos capazes de desenvolver um estudo mais aprofundado do Oriente, apesar da distância, de uma forma que possamos conhecer o Oriente segundo os preceitos deste Oriente e não segundo os dos ocidentais, porque a busca por respostas tanto humanas como científicas devem estar desprovidas de preconceito ou de ocidentalismo. É preciso melhorar os procedimentos metodológicos na busca de um melhor entendimento que está inserido na cultura desta região, esses procedimentos precisam ser desprovidos de todo o preconceito, desta forma ter-se-á a dimensão de quanto esforço se despende para compreender melhor o mundo não ocidental. Assim, será percebido que não é necessário estabelecer estereótipos negativos, repensando as dinâmicas de melhor entendimento daquela região.
É válido mencionar que a relação do ocidente com o oriente já existe há um bom tempo, o período Alexandrino pode ser visto como um indício do processo de helenização dos territórios asiáticos, bem como o contato posteriormente dos romanos com os asiáticos. Um pouco mais à frente na corrente do tempo histórica, pode ser mencionado o contato de Marco Polo com os asiáticos ficando três anos na China e tendo a oportunidade de conviver com o neto de Gengis Khan, chamado de Kublai Khan em Catai (China) em sua jornada de três anos na Ásia, culminando com sua saída da  China entre 1290 e 1291 aproximadamente, retornando para Veneza. Esse contato continuou com a descoberta de uma nova rota marítima para às Índias quando Portugal contornou o Cabo da Boa Esperança no Sul do continente africano, permitindo assim o acesso dos países ibéricos, e também dos Países Baixos ao oriente sem pagar o “pedágio” por Veneza. Essa dinâmica de contato com os europeus foi ampliada no processo de colonização no final do século XVIII e início do século XIX com a chegada à Ásia do Império Britânico, por conta da Revolução Industrial, que buscava novas fontes de matérias primas, bem como um novo mercado consumidor. Pode-se dizer que este último período mencionado é o mais crítico do contato do oriente com o cidente porque os europeus impuseram aos asiáticos a aceitações de acordos desiguais e também passaram a desrespeitar as tradições religiosas dos asiáticos; alie-se a este fato o racismo científico tendo em vista que os europeus não reconheciam os asiáticos como conhecedores da ciência e seus preceitos.
Tendo em vista os acontecimentos destacados anteriormente, notou-se então um choque cultural entre sociedades diferentes no qual o preconceito e a desconfiança tornaram-se prementes. Situação essa que foi agravada no século XIX porque o a racismo e o imperialismo foram acentuados em relação àquela região. Já o século XX demonstrou ser um período de mudança da visão eurocêntrica e estadunidense para o continente asiático em virtude do reconhecimento dos erros cometidos pelos orientalistas, em especial, a partir da segunda metade do século XX que se tornou evidente os esforços de especialistas nativos na intenção do resgate e reconstrução da História dos povos asiáticos de forma comumentemente científica, não obstante, vale notar que as técnicas ocidentais não foram abandonadas nesta busca de reestruturação, o destaque nesta busca da verdadeira identidade asiática ficou focada em duas correntes: acadêmica, no século XIX  e a exotérica. Não obstante, apesar de todo esforço empenhado, é importante lembrar que este processo e reconhecimento ainda não aconteceu de forma completa, diante disso temos  a chamada “terceira via” como opção de entendimento do orientalismo sem preconceitos, pois o mesmo ainda pode ser considerado, levando em consideração que ainda encontramos no ocidente muitos preconceitos, tanto acadêmicos, bem como outros tipos em relação a cultura asiática. Onde isso pode ser evidenciado?
O assunto pode ser tratado inicialmente referenciando-se os estereótipos estabelecidos pelo mundo de Hollywood. Esse estereótipo pode ser destacado em virtude de que o conceito de Hollywood caracteriza o asiático como um ser de natureza muito limitada, mostra também que existe pouco interesse sobre eles no mundo “Hollywoodiano”, pois é mister afirmar que consigamos contar nos dedos quantos atores asiáticos tiveram  o privilégio de serem usados e se destacado em filmes, tais como: Jet Li, Jackie Chan,  Noriyuki "Pat" Morita e Lucy Liu, pois na maioria dos casos, e por incrível que apreça, os atores que são contratados para representar os asiáticos geralmente são caucasianos. Aqui no Brasil este preconceito também é evidenciado, sendo que esta discriminação é de característica um pouco mais “sutil”. Ela ocorre através de bullying. E igualmente aos estadunidenses, no Brasil, a representação midiática feita dos asiáticos é de natureza pífia e sem expressividade e representatividade, pois atores asiáticos geralmente só atuam em papel secundário ou que estereotipa o asiático como trabalhador de feiras, de pastelarias, que são especialistas em artes marciais e especialistas em tecnologias; às vezes são também retratados como samurais.
Corrobora-se através de filmes bem recentes este estereótipo asiático, que sofre em demasia com o preconceito. Tanto que um filme que chama a atenção neste sentido é o “Reino Proibido”, produção estadunidense de 2012 estrelado por Jet Li e Jackie Chan que atualmente pode ser encontrado na plataforma streaming Netflix ou similares. Onde pode ser percebido o preconceito contra os asiáticos neste filme? No geral uma das características preconceituosas estabelecida para os asiáticos está evidenciada no entendimento de que todo senhor asiático é dotado de sabedoria milenar e possui um poder místico. Logo no início do filme mencionado, aproximadamente com seis minutos, ocorre uma cena na loja de penhores de um velho chinês que possui um cajado de ouro. Por conta do cajado recebido do velho sábio, o jovem rapaz retorna ao passado, na China antiga.
A cena do print de tela a seguir é quando o jovem chega à loja de penhores.


 Acima: Print de tela da plataforma Netflix “Fonte”: https://www.netflix.com/search?q=O%20Reino%20Pr&jbv=70084795&jbp=0&jbr=0.

A próxima cena é quando ele consegue realizar a viagem no tempo retornando à China antiga, onde já encontramos o misticismo em função do poder mágico do cajado.


Acima: Print de tela da plataforma Netflix “Fonte”: https://www.netflix.com/search?q=O%20Reino%20Pr&jbv=70084795&jbp=0&jbr=0

Na cena seguinte o jovem aprendiz é treinado por dois sanseis, mostrando aquela premissa de que o aprendizado do kung fu está relacionado ao sofrimento do aprendiz.


Acima: Print de tela da plataforma Netflix “Fonte”:<https://www.netflix.com/search?q=O%20Reino%20Pr&jbv=70084795&jbp=0&jbr=0>

É imperativo afirmar que essas cenas são comuns de filmes estadunidenses focados na Ásia, logo, percebe-se sim certo grau de preconceito, que ao longo do tempo nos dificultou a conseguir entender a cultura asiática e ao mesmo tempo fazermos uma separação histórica dentro do que é real e do que é fictício. E é isso que observamos neste filme, o qual dá a entender que a cultura asiática é repleta de misticismo, que todos chineses sabem lutar kung fu como mostram as cenas a partir de 20 minutos de filme. O filme destacado consegue extrair em uma hora e quarenta e quatro minutos quase toda a inteireza do preconceito contra os asiáticos que também são caracterizados como bons lutadores, mas um pouco idiotas. Infelizmente esse é o estereótipo de Hollywood traçado para os povos asiáticos.
Outro filme que nos ajuda a entender também o preconceito de Hollywood no que diz respeito ao estereótipo negativo em relação aos povos asiáticos é o  filme “Quem quer ser um milionário”;  filme britano-estadunidense produzido em 2006,  que tem como atores principais Dev Patel, Freida Pinto e Madhur Mittal, extraído de : https://www.dailymotion.com/video/x5x3bni, o qual é pautado aparentemente na história de um rapaz que participa de um programa de televisão que oferece um prêmio milionário para quem acertar todas as perguntas. No entanto observando um pouco mais é perceptível que o assunto a ser destacado vai mais além do que um simples programa de televisão, que tem o mesmo formato em vários países do mundo, mas sim demonstrar uma visão mais abrangente da sociedade indiana que ao mesmo tempo que pode ser considerada moderna, mas também que possui problemas de natureza social bem profundos. Tais como: o grande número de favelas encontradas naquela região, a constante exploração de do trabalho infantil que é associado à miséria, a marginalidade e o uso de drogas; complementando isso, temos também a falta de políticas públicas que tem como uma das suas consequências, a falta de emprego. Assim, dentro do prisma desta descrição nota-se mais uma dose do preconceito Hollywoodiano no que diz tocante aos asiáticos, pois o filme está recheado de estereótipos de cunho negativo. Logo no início do filme o jovem Malik é humilhado pelo apresentador por ser pobre, morador de favela, por não ser intelectual, evidenciando-se assim que tudo o que acontece na Índia está associado ao sistema de castas, que a maioria das pessoas é pobre, e que eles são fanáticos religiosos.
No inicio do filme logo é mostrada a infância pobre de Jamal Malik:

Acima: Print “Fonte”:
<https://www.dailymotion.com/video/x5x3bni>

Na cena a seguir é ressaltado o fanatismo religioso.

Acima: Print “Fonte”
<https://www.dailymotion.com/video/x5x3bni>

A próxima cena é sobre a exploração infantil:


Acima: Print “Fonte”: <https://www.dailymotion.com/video/x5x3bni>

Dentro desta ótica, é imperativo afirmar, que da mesma forma que o cinema foi usado para denegrir a imagem do oriente, o mesmo uso pode ter um efeito contrário, pois como mostra o historiador espanhol Joan Del Alcázar, os documentos em suporte de vídeo tem um papel imprescindível como recurso didático, não só para os profissionais de história, mas também para as pessoas no geral. Como ele declara, o uso do filme como recurso didático pode ser considerado como “dinâmica de monólogo dos meios de comunicação de massas – em que a informação se oferece sempre interpretada [...] têm uma força extraordinária na compreensão das complexidades dos fenômenos ou processos históricos”. (ALCÁZAR, 2012, p. 653).
Entre todos os meios de comunicação, tem sido o cinema o que mais tem despertado o interesse dos professores por sua utilização em variados campos da vida., pois quando enxergamos o uso do vídeo como recurso, passamos a entender que esta linguagem é um pouco diferenciada da linguagem usual, por este motivo conseguimos integralizar este uso a inúmeras situações. Dentro desta ótica atentemos para um caso específico encontrado na plataforma de streaming Netflix uma série produzida de nome Fauda em associação ao canal israelense Yes. (fonte: “Disponível em: <https://www.netflix.com/title/80113612>. Essa série trata de uma forma bem aprofundada a questão do conflito árabe-israelense, cujo nome significa caos ou confusão em árabe. Adquirida originalmente pela televisão a cabo de Israel, Yes, estreou em fevereiro de 2015, em Israel, exibindo um gênero aparente de natureza politico- social e religiosa. A mesma teve sua estreia em caráter internacional através da plataforma streaming Netflix no verão de 2016. É importante lembrar que FAUDA foi desenvolvida por Lior Raz( que faz o papel de Doron) e Avi Issacharoff a partir de suas experiências pessoais vividas enquanto cumpriam o serviço militar na Unidade Duvdevan das Forças de Defesa de Israel.(FDI) Apesar do sucesso inicial da série, houve uma tentativa do Hamas (grupo considerado terrorista pelos israelenses) de acusar a série de propaganda sionista, no entanto a posição do grupo posteriormente fora modificada, tanto que o próprio Hamas incluiu um link da série em seu site. Essa série,  junho de 2016, ganhou seis prêmios Ophir, incluindo o prêmio de "Melhor Série Drama", da Academia Israelita. Em outra ocasião , chegou a ser apontada pelo jornal estadunidense, The New York Times,  como a melhor série internacional de 2017. O mais interessante é que mesmo diante da operação “Margem Protetora”, uma investida de Israel contra o Hamas na faixa de Gaza em 2014, os sets de filmagem ocorreram “naturalmente” na localidade em Israel chamada de Kafr Qasim. Sendo que isso não pode ser considerado necessariamente algo surpreendente porque os moradores daquela região convivem constantemente com conflitos armados. O “pano de fundo” para o desenrolar da trama se dá em um ambiente onde os  personagens da série  transitam, a saber: os anos 70. Em virtude disso e também de outros fatores locais, a trama se desenvolve na Cisjordânia,  onde uma unidade militar de contraterrorismo, que fala fluentemente a língua árabe, atua com o objetivo de desarticular o Hamas, trabalhando secretamente, quando há necessidades, com a liderança do Fatah. É válido lembrar que a série coloca em evidência a situação extremamente dramática que vivem os palestinos, bem como também a insegurança constante dos israelenses. Já na segunda temporada, a série de trata de uma aliança entre o Hamas o Estado Islâmicos, dada como “improvável” por especialistas no mundo real. É interessante notar que tais produções cinematográficas, em forma de séries, curta ou longa metragem, nos ajudam a dimensionar através do áudio-vídeo e também da imagem a situação emblemática daquela região no Oriente Médio.
Não obstante, apesar do audiovisual e da imagem contribuírem em muito  na percepção e no entendimento da questão árabe-israelense, faz-se mister pesquisar várias fontes e bibliográficas no intuito de se conseguir uma compreensão mais abrangente, bem como entender também a conjuntura mundial no período anterior a esta crise. É importante levar em consideração que este acontecimento, de certa forma, repercute até os dias de hoje, pois essa crise que começou com a formação moderna do Estado de Israel em 1947, com a crise do Canal de Suez em 1956, com a guerra árabe-israelense dos seis dias em 1967 e se concretizou com a Batalha do Yonkipur, para os israelenses,  ou Ramadã para os árabes em 1973.
Nota-se na série muitas similaridades com a realidade daquela região porque além do que fora mencionado, a origem dos autores da série, existe também a realidade vigente daquela região, cimentada através do que fora falado na contextualização da série, sendo que o mais interessante em tudo isso, e também o que explica isso, é a aceitação da série por ambos os lados do conflito. E isso ficou evidenciado com a entrevista de Lior ao jornal O Globo por telefone, ele disse: ¨Nos bastidores, pelo menos, a harmonia sonhada já existe. O set de “Fauda” fica no vilarejo árabe-israelense de Kfar Kassem. “Lá, equipe e elenco são recebidos com festa e muitas demonstrações de hospitalidade— Todos são fãs da série”. (fonte O Globo- 13/02/2019; “Disponível em: < https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/sucesso-da-tv-israelense-fauda-contorna-criticas-confirma-nova-temporada-22893266>. Os produtores e artistas pertencem à região, o que não é comum nas séries de sucesso, pois na sua grande maioria são estadunidenses e usualmente demonstram a forma hollyoodiana de se enxergar o oriente, pois podemos levar em consideração que grande quantidade da produção de filmes de origem oriental  não são divulgados no ocidente. Vale destacar que  a história do cinema no Egito,  por si só, mostra que o ocidente não tinhas interesse na divulgação do cinema de  todo o oriente , fato este que passou a mudar a partir na virada do século XX para o século XXI. 
É válido ressaltar também que as produções de Hollyood têm buscado de uma forma mais contundente, uma crítica mais diversificada do oriente, com foco numa visão menos estereotipada de cunho negativo daquela região, por isso que a obra Fauda é um sucesso, pois apesar de ser uma criação israelense e ser composta por atores regionais, a série teve que receber a “benção” da Netflix para se tornar reconhecida mundialmente. É digno de nota também que as produções feitas no oriente estão ganhando espaço de projeção no cinema mundial, as quais têm mostrado um lado mais humano das pessoas que outrora eram estereotipadas negativamente no oriente, a título de exemplo, nos filmes:  A Noiva Síria, e o amor paternal, em Laila's Birthday, o afeto entre amigos, como a amizade de Said e Khaled em Paradise Now, e de Adib e Fil, em 5 Broken Cameras. (SOCHACZEWSKI, M. O conflito Israelo-Palestino visto pelo cinema local. História, São Paulo, v.33, n.2, p. 142-143, jul./dez. 2014).
Diante das colocações, é válido destacar, que o orientalismo verdadeiro deve transcender o conceito eurocentrista dos séculos passados, pois somos capazes de desenvolver um estudo mais aprofundado do oriente, apesar da distância, de uma forma que possamos conhecer o oriente segundo os preceitos deste oriente e não segundo os dos ocidentais, porque a busca por respostas tanto humanas como científicas devem estar desprovidas de preconceito ou de ocidentalismo. É mister afirmar também  que em virtude da matéria desenvolvida, é interessante notar que tanto séries, filmes, curta e longa metragens podem até serem usados para denegrir a imagem dos orientais, no entanto, vem demonstrando atualmente que outrora tem o poder de ajudar na compreensão  de temas históricos ligados também ao oriente. Sendo que este fato positivo ajuda aos historiadores e pesquisadores a se tornarem capacitados dentro do contexto asiático, bem como a melhorar os procedimentos metodológicos na busca de um melhor entendimento que está inserido na cultura asiática, desprovidos de todo o preconceito, assim, surge a oportunidade de se realizar uma autoanálise de quanto esforços os historiadores e pesquisadores despendem para compreenderem melhor o mundo não ocidental. Desta maneira, observa-se que dificilmente serão estabelecidos estereótipos negativos, dificultando também a divulgação dos mesmos, em especial pela  indústria cinematográfica estadunidense, e várias outras também. É preciso repensar as nossas dinâmicas de como devem ser feitas as representações asiáticas sem preconceitos.
Referências
Paulo Cesar de Almeida Barros Lopes é Graduando na Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro; Universidade Federal Do Estado Do Rio De Janeiro; Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCHS; Licenciatura em História; Unirio/Cederj
BUENO, André da Silva. Extremo Oriente em Antiguidades- Uma introdução ao problema do estudo da história “asiática” ou “oriental”/ Rio de Janeiro: Fundação  CECIERJ-CEDERJ, 2012.
KONZEN, Carina de Almeida. "Do sionismo à guerra do Yom Kippur – uma análise das quatro guerras Israelo-árabes". 2014- Monografia (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade do Vale do Taquari - Univates, Lajeado, jun. 2014. “Disponível em”: <http://hdl.handle.net/10737/754>; “Acesso em”:<11/02/2018>.
MELO, Maria Elizabeth Pinto de- URBANO, Krystal; A Representação dos Asiáticos na TV Brasileira: Apontamentos Iniciais Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ- 8 de set de 2018;Disponível em:  <portalintercom.org.br/anais/nacional2018/resumos/R13-1713-1.pdf>; “Acesso em”<17/02/2019>.
Sayuri, Juliana.  O mito da minoria modelo- Ou por que precisamos discutir discriminação contra asiáticos- 2017. “Disponível em” https://motherboard.vice.com/pt_br/article/787gka/o-mito-da-minoria-modelo; “Acesso em”<18/02/2019>.
Sochaczewski, Monique. O conflito Israelo-Palestino visto pelo cinema local. História, São Paulo, v.33, n.2, p. 122-149, jul./dez. 2014. “Disponível em”:<http://hdl.handle.net/10438/17523>; “Acesso em”: <10/02/2019>
Vascouto, Lara.  Coisas que Hollywood me Ensinou sobre Asiáticos- Setembro de 2016; Disponível em <http://nodeoito.com/hollywood-asiaticos/>;  “Acesso em”<17/02/2019>.


55 comentários:

  1. Olá, Paulo Cesar!
    “... é válido destacar, que o orientalismo verdadeiro deve transcender o conceito eurocentrista dos séculos passados, pois somos capazes de desenvolver um estudo mais aprofundado do oriente, apesar da distância, de uma forma que possamos conhecer o oriente segundo os preceitos deste oriente e não segundo os dos ocidentais, porque a busca por respostas tanto humanas como científicas devem estar desprovidas de preconceito ou de ocidentalismo... É preciso repensar as nossas dinâmicas de como devem ser feitas as representações asiáticas sem preconceitos.”
    Frente às muitas exigências do ensino de história, dada às muitas vertentes que ela abrange, como favorecer as questões de equidade e subjetividade em sala de aula?
    Parabéns pelo texto e obrigada.
    Celiana Maria da Silva

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    1. Obrigado pelos elogios!!! Um grande abraço!!

      Saudações

      Paulo Cesar

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  2. Olá, Celiana Maria, boa tarde!!!!
    Não acredito que equidade seja alcançada em um curto espaço de tampo, tendo em vista que os alunos possuem um capital cultural diferente, como ressalta Pierre Bordieur: “Os estudantes mais favorecidos, não só devem ao meio de origem os hábitos, o treino e as atitudes que lhes são mais úteis nas tarefas escolares, mas herdam também saberes e um savoir-faire, gostos e um bom gosto, cuja rendibilidade escolar, embora indirecta, não deixa de se verificar.”( Os Herdeiros Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron - São Carlos: Editora da UFSC, 2013 - “Disponível em: < http://www3.uma.pt/alicemendonca/2cedii.pdf >).
    Dentro deste prisma, é perceptível que o habitus, uma espécie de bússola social, pode ser considerado também uma competência prática adquirida na ação e para a ação, apesar de ser desta incorporação social parece ser durável, a mesma não pode ser considerada como eterna, e através do qual este conceito é caracterizado como um conceito mediador entre o social e o individual.Com respeito ao Capital Cultural é imperativo afirmar que segundo Pierre Bourdieu, este capital é adquirido antes mesmo do aluno ir para a escola, pois segundo ele, este capital é fornecido pelo meio no qual a pessoa vive, sendo que o mesmo é responsável pela desigualdade social. Assim, é importante entender que este capital cultural precisa ser absorvido pelos docentes, pois os cursos de graduação necessitam de uma maior inserção e aprofundamento no orientalismo, analisando os grandes autores orientais como Said e Kostas Vlassopoulos. Assim, é válido ressaltar que esta subjetividade dentro da sala de aula pode ser alcançada usando-se alternativas para desenvolver as capacidades cognitivas dos alunos. Neste sentido, considero duas atividades importantes: os jogos e o uso do cinema no ensino de História.

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  3. Olá, Paulo Cesar, parabéns pelo texto!!
    No penúltimo parágrafo, você cita diversas obras audiovisuais produzidas no oriente. É notório que, em nosso país, tais obras sejam tão pouco divulgadas e vistas pelo grande público, apesar de sua reconhecida qualidade, enquanto que o cinema hollywoodiano impera por aqui. O fato de rejeitarmos produções televisivas e obras cinematográficas orientais, em detrimento de produções europeias ou americanas, seria decorrente do orientalismo presente em nossa cultura?

    Dalgomir Fragoso Siqueira

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    1. Olá Dalgomir Fragoso Siqueira, boa tarde!!!

      A definição do orientalismo, por si só nos ajuda a entender a questão levantada por você, pois o mesmo é considerado uma visão eurocêntrica do Oriente, a qual o Ocidente, em especial a Europa entende que os povos do Oriente podem ser considerados inferiorizados, em sentido racial e cultural. Infelizmente, a História mundial ainda é contada segundo o ponto de vista euro-estadunidense, relegando os demais ao segundo plano. É fato que atualmente, a indústria cinematográfica indiana é a maior no que diz respeito à comercialização de ingressos em todo o mundo. Só descobri isso depois de cursar as disciplinas de Extremo Oriente e História do Oriente na faculdade. Daí passei a me interessar um pouco mais sobre as produções indianas. O filme mais recente que assisti foi PARMANU: THE STORY OF POKHRAN (2018), disponível na NETFLIX, onde podemos encontrar atualmente inúmeras produções orientais. Logo, acredito que não só o meu caso, mas de um número expressivo de pessoas ainda desconhece o mundo oriental justamente por conta desta visão equivocada sobre o Oriente, a qual somos acostumados a aceitar desde a infância.
      Assim, diante daquilo que tive a oportunidade de pesquisar e entender, é importante considerarmos o Orientalismo verdadeiro como algo que deva transcender o conceito eurocentrista dos séculos passados, pois somos capazes de desenvolver um estudo mais aprofundado do Oriente, apesar da distância, de uma forma que possamos conhecer o Oriente segundo os preceitos deste Oriente e não segundo os dos ocidentais, porque a busca por respostas tanto humanas como científicas devem estar desprovidas de preconceito ou de ocidentalismo.

      Saudações Dalgomir!!!

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  4. Boa noite, Paulo Cesar, gostaria de parabenizá-lo pelo texto produzido, após analisar a cultura oriental qual alternativa você sugere para que nós professores possamos trabalhar de forma correta e coerente a cultura oriental em sala de aula?

    Aline Juliane Blattmann

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    1. Olá Aline Blattmann, boa tarde!!! Como ainda não desenvolvi minha capacidade para resumir, segue algumas dicas que no meu entendimento ajudam aos professores a trabalharem a cultura oriental.
      Assim, vai depender do segmento o qual o professor irá trabalhar, por este motivo é importante destacar que os professores, no meu entendimento, precisam dialogar com alguns pensadores da educação tais como: Paulo Freire, Vygotsky e Piaget.
      Como disse Paulo Freire “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”( Paulo Freire, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, São Paulo, Paz e Terra, 1997, p. 43). Paulo Freire nos ajuda a pensar nas estratégias a serem utilizadas visando aplicação construtiva do ensino da História na sala de aula, em certo sentido, transformando o ambiente de aprendizagem num lugar onde prevaleça a criatividade e o cultivo da alegria e de novos valores.
      Em Vygotsky e Piaget, é válido ressaltar que dentro da ótica de ensino aprendizagem é possível fazer uma aplicação prática sob a ótica do uso do audiovisual no ensino de História, tendo em vista que os fatores interação social e capacidade de aprendizagem em virtude da idade estão inseridas neste contexto. Assim, entendemos que dentro do planejamento de ensino com o uso do audiovisual a interação entre os grupos de estudo e pesquisa com a mediação do professor tornam aplicáveis, as concepções de Vygotsky, porque segundo ele não existe “eu” sem o “outro”, pois a interação social é uma parte vital do processo de aprendizagem, segundo ele. Por este motivo pode-se se destacar nesta interação as redes sociais com seus fóruns de debates que podem ajudar também no desenvolvimento da pesquisa com o uso de filmes na prática de ensino.
      Já em Piaget observa-se a idade do aluno para que aplicação do audiovisual fique dentro da capacidade de compreensão de cada faixa etária estabelecida para a capacidade de absorção daquilo que lhe será ensinado, logo, o cuidado com o uso do audiovisual precisa estar presente, pois como destacou Vera Lucia Nascimento (2008), o professor precisa conhecer o material fílmico que apresentará aos seus alunos para que não corra o risco de apresentar matéria desproporcional a capacidade cognitiva dos alunos e também material definidamente impróprio para determinada idade.
      Segundo Giacomoni e Nilton Mullet, (2018; página 55) “(...)o jogo habilita à recriação da realidade através de sistemas simbólicos. Uma vez recriada, é com essa realidade que o sujeito interage e é nela que ele se desenvolve, tornando-se quem ele é. (...)”. Assim, é importante levar em consideração as afirmações de Macedo, Petty e Passos m(MACEDO; PETTY; PASSOS, 2005, p. 106), “é o ‘espírito do aprender’ o que pode ser recuperado quando se pratica jogos, e que pode, assim, ser reencontrado nos conteúdos escolares, quando ludicamente explorados”. Isso poderá promover o desenvolvimento de novas formas de aprendizagem fazendo com que o aluno sinta prazer em realizar determinadas tarefas na aula de História, instilar nele o desafio para atingir determinado objetivo, assim os alunos terão a possibilidade de desenvolver a capacidade de criação, ampliando o conceito de dimensão simbólica dos jogos em sala de aula e também da capacidade de construção destes alunos em virtude do uso dos jogos no ensino de História. Ou seja, o uso do cinema e o uso dos jogos no ensino de História podem ajudar aos alunos mostrar interesse mais aprofundado pela cultura oriental.

      Um grande abraço Aline Blattmann!!!

      Saudações

      Paulo Cesar

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    2. Aline Blattmann, se quiser, por favor, me envie seu e-mail para que eu possa lhe enviar um jogo que criei para ministrar aulas em turmas do primeiro ano do ensino médio, mas que pode ser adaptado aos outros segmentos.

      Meu e-mail: pc_abl@hotmail.com

      Abraços!!!!

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  5. Olá Paulo Cesar, parabéns pelo seu texto.

    Considerando que em sala de aula os alunos possam apresentar uma certa resistência em relação aos filmes produzidos no oriente e considerando também que a cultura oriental tem pouco espaço para ser trabalhada dentro do cronograma do professor, o senhor acredita que apresentar os filmes ocidentais e depois levantar um debate sobre os esteriótipos seria uma forma boa forma de mostrar os pontos negativos dos esteriótipos dos filmes ocidentais?

    Lumena Rios da Cunha Pereira

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    1. Olá Lumena Rios, boa tarde!!!
      Da mesma forma que destaquei para a colega Celiana Maria, a falta do capital cultural frisada por Pierre Bourdieu, dificulta em muito a absorção do entendimento sobre a cultura oriental. Para piorar, como mencionei para o colega Dalgomir, somos massacrados pelo Orientalismo de visão completamente euro-estadunidense. E para completar, as faculdades ainda não aprofundam este tema, logo, o professor se forma com pouca informação sobre o assunto.
      Ante ao exposto e respondendo sua pergunta, posso usar uma ilustração: digamos que uma pessoa tenha ficado muito tempo sem comer chegando ao ponto de ficar subnutrida. Será que daríamos a esta pessoa para comer uma feijoada, mocotó ou qualquer tipo de comida desta estirpe? É lógico que não, pois poderíamos agravar a situação daquela pessoa. Assim, o interessante seria administrar uma refeição mais suave, provavelmente no estado líquido e depois aos poucos ela voltaria a se alimentar normalmente.
      Essa ilustração pode ser aplicada àqueles que não têm contato com a cultura oriental. Pode-se aplicar tal informação de forma graduada, a fim de que estes possam absorver este conhecimento aos poucos. Dentro desta lógica, é interessante destacar a sugestão colocada em sua pergunta: “...apresentar os filmes ocidentais e depois levantar um debate sobre os estereótipos seria uma forma boa forma de mostrar os pontos negativos dos estereótipos dos filmes ocidentais”. Isso poderia ser feito através de comparativos; apresentar uma obra com a visão ocidental e outra obra do mesmo segmento com a visão oriental. A título de exemplo podemos usar o filme, “Cartas de Iwo Jima” e o filme “A Conquista da Honra” que relatam a mesma batalha sob ponto de vistas diferentes, apesar de ambas as obras serem dirigidas por Clint Eastwood. (“Disponível em”:< https://medium.com/@AndreSucupira/cartas-de-iwo-jima-e-a-conquista-da-honra-um-epis%C3%B3dio-dois-pontos-de-vista-baf4249c5b7d>. O interessante em ambos os filmes é a visão de cada lado do conflito que Clint conseguiu explorar. Logo, essa sugestão mencionada por você é aplicável para se introduzir o conhecimento da cultura oriental através do debate e da visão crítica das obras hollywoodianas. Dentro deste contexto, seria interessante também abordar o “whitewashing”- escalação de atores brancos para interpretar personagens de outras etnias.( “Disponível em”:https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-whitewashing-e-6-casos-polemicos/).

      Um grande abraço Lumena Rios!!!

      Saudações!!!

      Paulo Cesar

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  6. Bom dia!
    Gostei muito do texto ao qual você apresentou. Visto que em diversos trechos você menciona que o Ocidente de certa forma possui um certo preconceito com o Oriente. No que tange os filmes orientais, alguns episódios mostra os atores como pessoas de pensamento e ações limitadas, favorecendo apenas o ator americano, com seus planos de ações mirabolantes. Acredito que esse texto poderá servir também para problematizar junto às escolas, a importância do povo asiático, com seus mais variados exemplos de táticas não somente nas práticas de artes marciais, como também um conhecimento na meditação, contrapondo com o americano. Torna-se um assunto a ser explorado de forma educativa expondo os pontos positivos , assim como informando mais a respeito dessa cultura extraordinária e com um forte potencial no que tange os ensinamentos.

    Valéria Cristina da Silva

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    1. Olá Valéria Cristina da Silva, boa tarde!!!

      Valéria, no meu caso, não havia interesse nenhum pela cultura asiática, até o momento no qual ela me foi apresentada. Daí me lembro da estratégia da coca cola. Em uma entrevista, o responsável pelo marketing da coca cola respondeu a seguinte pergunta: “Em que tipo de ação de marketing a Coca-Cola mais investe atualmente?
      Nossos investimentos variam de acordo com cada marca e o país. Em alguns mercados ainda gastamos 80% do orçamento com campanhas para TV. Em outros, como no Reino Unido, apenas 30% do investimento vai para a TV, porque podemos usar a tecnologia mobile, as redes sociais e criar experiências para cativar os consumidores de forma mais efetiva[...] “Disponível em”: . É claro que em termos financeiros é muito mais fácil para a coca cola executar suas práticas de propagandas, no entanto vale ressaltar que o ditado, “quem não é visto, não é lembrado”, pode ser associado a questão de uma visibilidade maior para o tema relacionado ao estudo do Oriente. Foi através desta visibilidade dentro da faculdade, apenas duas disciplinas específicas, uma eletiva e uma obrigatória, que meu interesse foi despertado. Ou seja, mesmo que não possuamos o poder financeiro para desenvolver um marketing avassalador como a coca cola, podemos nos esforçar em tornar essa disciplina mais visível. Tendo em vista que o mundo oriental, com as civilizações indiana e chinesa como as mais antigas do mundo, desenvolveram impérios no passado com cavalos, flechas e sistema burocrático eficiente, além de serem as civilizações mais avançadas tecnicamente no mundo em variados campos até o século XVIII, quando os europeus acharam que tinham realizado várias descobertas, no entanto, estas descobertas já existiam no Oriente. A China é, além disso, uma das maiores nações dos tempos atuais. É o país que mais cresce economicamente, que tem a maior população, que tem a língua mais falada no planeta e um sistema de escrita que serve de base (e pode ser compreendido) por diversas outras nações que não falam chinês.
      Foram os chineses que inventaram o papel, a pólvora, a impressão de livros muito antes dos europeus. Quando os europeus ainda estavam iniciando o experimento da metalurgia, os chineses faziam belíssimos vasos de bronze sob domínio da dinastia Shang. Sob o domínio da dinastia Han, eles já podiam prever um terremoto. Por este e outros motivos, Valéria, minhas palavras convergem com as suas em especial na sua classificação “cultura extraordinária”!
      BUENO, André da Silva. Extremo Oriente na Antiguidade;– Uma introdução ao problema do estudo da história “asiática” ou “oriental” __________ 7. CECIERJ-CEDERJ; Aula 1.
      _________________ Aula 2 – Visões do Orientalismo ___________________35.
      _________________Aula 3 – A construção da história chinesa ___________ 57.
      _________________ Aula 8 – Ciência e religião na China antiga__________33.

      Um grande abraço!!!

      Saudações !!!

      Paulo Cesar

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  7. Olá, Paulo Cesár!

    Minha pergunta ficou um pouco grande, então terei que publica-la aos poucos, mas vou colocar a assinatura no final de cada etapa!

    Você diz que Hollywood estabelece estereótipos sobre os povos orientais em seus filmes. Para afirmar seu argumento, você usa o filme "Reino Proibido" (que é de 2008 e não 2012).

    Em primeiro lugar, o fato de haver um senhor asiático que é dotado de sabedoria milenar e possuir um poder místico é uma característica preconceituosa, imagino que seja de origem Hollywoodiana. Em segundo lugar, o fato de ele voltar para uma china antiga coberta de misticismo em função do poder mágico do cajado seria outro ponto preconceituoso. Por fim, existiria a premissa de que o aprendizado do kung fu está relacionado ao sofrimento do aprendiz.

    Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda.

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    1. Preciso dizer que não estou negando que há um preconceito nas produções ocidentais sobre o oriente, mas seu argumento é um pouco raso, talvez seja pelo espaço que tem na plataforma, não sei. Você descreve esses três pontos que eu destaquei a cima e no parágrafo seguinte conclui que é comum cenas desse tipo focados na Ásia e, portanto, há um grau de preconceito. Além disso, você diz que esse filme dá a entender que a cultura asiática é repleta de misticismo, “que todos os chineses sabem lutar kung fu”, que o filme traz um preconceito contra asiáticos que “são caracterizados como bons lutadores”.

      Porém, falta muita coisa pra se analisar o filme. Você deve conhecer, há uma estrutura narrativa chamada “A jornada do herói”. Jason é colocado em seu “mundo comum” onde, como o nome já diz, seu dia a dia é exposto. Em seguida vem “O chamado da aventura”. O herói as vezes reluta em seguir a missão, até que chega um mentor. No caso, o velho chinês. Nesse filme, é um velho chinês, pois faz sentido para a narrativa. Contudo, não pense que é só por que se trata de um filme sobre chineses. Star Wars segue a mesma forma com Obi-wan e Luke, acontece o mesmo em caverna do Dragão com o mestre dos magos e com o grupo e em O Hobbit e Senhor dos Anéis a mesma fórmula se aplica a Bilbo, Frodo e Aragorn (Aragorn no caso dos filmes).
      Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda.

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    2. Outra questão é o sofrimento do aprendiz ao se aprender Kung fu. Não se trata de um estereótipo ocidental. É mais uma etapa da jornada do herói. Não faria sentido um jovem que nunca lutou na vida não sofrer pra se tornar um lutador. E acredite em mim, na vida real, aprender Kung fu demanda um sofrimento. Fazer abertura depois dos 20 anos é complicado.

      Além disso, temos que pensar nos protagonistas Jackie Chan e Jet Li que possuem muitos filmes dentro da China. Quão grande é a responsabilidade deles nesse estereótipo do ocidente? Pois os filmes com cenas onde todos estão lutando não é algo só do ocidente. É preciso analisar a influência dos protagonistas em tal estilo também.

      Por fim, você nem sequer cita o nome do diretor para fazer a análise do filme. O que estava em jogo na produção deste filme? É necessário lembrar também que se trata de um filme comercial, sem preocupação alguma com a problematização das iconografias. Com isso, podemos partir para o próximo filme.
      Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda.

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    3. Você diz que o filme “Quem quer ser um milionário” está repleto de preconceito Hollywoodiano, pois o filme possui estereótipos de cunhos negativos como favelas, exploração do trabalho infantil associado à miséria, a marginalidade e o uso de drogas, falta de políticas públicas e falta de emprego.

      Em seguida você apresenta iconografias sobre “fanatismo religioso” e “exploração infantil”. Diz também que o filme, através do apresentador, humilha o protagonista por ser pobre, morador de favela, por não ser intelectual, “evidenciando-se assim que tudo o que acontece na Índia está associado ao sistema de castas, que a maioria das pessoas é pobre, e que eles são fanáticos religiosos.”

      Você não acha que, melhor do que julgar ser preconceituoso ou não, a análise seria melhor se investigássemos que olhar é esse sobre a índia? Por se tratar de um diretor britânico, que talvez tenha alguma relação com a índia devido a colonização inglesa, não seria melhor pensar sobre que índia é essa que o diretor tentou representar e aí sim concluir sobre o preconceito?
      Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda.

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    4. Além disso, ao se relativizar a existência do trabalho infantil na índia e do fanatismo religioso (que também existe no ocidente) o seu artigo me dá a sensação de vazio. Será que de fato na índia não há o trabalho infantil? Será que o objetivo do diretor era criar uma representação puramente preconceituosa? A Índia em 2007 ocupava o 205º no ranking mundial de IDH com 0,556 e em 2008 0,564 ocupando a mesma posição.

      Não seria melhor investigar os filmes, em seus tempos, a partir de sua produção e divulgação? Quais os interesses envolvidos, os resultados esperados? O que significa Jackie Chan e Jet Li em um filme de ação, qual a contribuição deles pra filme desse tipo mesmo dentro da China? O que queria um britânico falando sobre a índia?

      Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda

      Fim!

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    5. Olá Bryan Douglas Martins de Miranda, boa tarde!! Vou lhe responder por partes!

      Você tem razão em relação à data do lançamento do filme, o correto é o ano de 2008.

      Agora, quando você diz que “falta muita coisa pra se analisar o filme”, este ponto de vista pode ser relativo, tendo em vista que foi feita uma pesquisa relacionada ao tema proposto, no entanto, neste tipo de simpósio, os trabalhos possuem limitações de linhas, logo, mesmo que consigamos ter uma boa capacidade de síntese, é muito difícil externar todo o entendimento de determinado assunto neste tipo de ambiente, levando em consideração, é claro, que não sou detentor do conhecimento absoluto, na verdade, ninguém o é, principalmente em se tratando de análise fílmica, pois a mesma pode permitir inúmeras interpretações e variados pontos de vista. E isso fica evidente na sua própria argumentação, pois ao usar comparativos com o filme apresentado no meu trabalho, você faz uso de produções que não retratam diretamente a realidade chinesa, mas sim filosofias semelhantes, e indo mais longe, no filme Star Wars, na minha visão, está mais próxima do Império Romano do que propriamente a China. Neste sentido, meu ponto de vista diverge do seu, o mesmo acontece com o Hobbit e o Senhor dos Anéis que são filmes que não retratam a China de forma direta como o filme o Reino Proibido o faz.
      A título de exemplo: O Hobbit, segundo a hstória do filme é situado na Terra Média, que é o nome dado para a terra antiga e fictícia de J. R. R. Tolkien, onde a maioria dos contos do seu imaginário ocorrem. Terra Média é a tradução literal do termo anglo-saxão middangeard, referindo-se a este mundo, o reino dos humanos. Tolkien traduziu "Terra-média" como Endor (algumas vezes Endórë) e Ennor nas línguas élficas Quenya e Sindarin.
      Apesar de o cenário da Terra Média ser geralmente considerado outro mundo, é na realidade um período imaginário do passado da nossa própria Terra. Tolkien insistiu que a Terra Média é a nossa Terra em várias das suas cartas, sendo que na carta 211 ele estima que a Terceira Era teria terminado 600 mil anos antes do nosso próprio tempo. A ação nos livros é bastante restrita ao noroeste do continente, correspondendo à atual Europa, e pouco é conhecido sobre o leste e sul da Terra Média. A história da Terra Média está dividida em várias Eras: O Hobbit e O Senhor dos Anéis lidam exclusivamente com eventos relacionados com o fim da Terceira Era, enquanto que O Silmarillion trata principalmente da Primeira Era. O seu mundo era originalmente plano mas foi tornado redondo perto do fim da Segunda Era por Eru Ilúvatar, o Criador. Muito do nosso conhecimento da Terra Média é baseado em escritos que Tolkien não acabou para publicação durante a sua vida. Nestes casos, este artigo é baseado na versão do imaginário que é considerado canônico pela maioria de fãs de Tolkien, tal como discutido no cânon da Terra Média.

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    6. SEQUÊNCIA DA PRIMEIRA RESPOSTA.......
      Ante ao exposto, nesta linha argumentatória, não tem sentido fazer este tipo de comparação com um filme que trata efetivamente de misticismo chinês. Como sabemos que a preocupação do cinema é destacar o espetáculo, o professor historiador vai precisar analisar de forma detalhada a narrativa fílmica para que se consiga uma interpretação mais perto da realidade histórica que será utilizada em sala de aula para que o fato histórico possa realmente ser discutido, assim, facilitando o enriquecimento do aprendizado e possibilitando a compreensão do tema que será trabalhado conjuntamente com a narrativa fílmica. Jorge Nóvoa (2013) em seu artigo, Apologia da relação cinema-história; em sua argumentação, entende que os filmes podem ser tratados como documentos para a investigação historiográfica da mesma forma que livros, objetos artísticos, obras e os monumentos. Ele entende também que o cinema é um instrumento de massificação de ideologia, usado em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial.
      Nóvoa diz:
      “O cinema é antes de tudo um espetáculo e, salvo exceções, o filme não é concebido para ser um documento histórico. É feito em primeiro lugar para ser vendido e não para ser conservado num museu, ainda menos em arquivos. Não obstante isto não o impede de deter funções sociais diferenciadas, graças às quais a instituição cinematográfica - através da imprensa profissional primeiramente, da crítica em seguida, do discurso analítico hodierno, produziu grandes categorias de classificação reformuladas há alguns decênios pela televisão: jornais televisivos para informar, documentários para educar, ficção para distrair”. (Cinematógrafo: um olhar sobre a história - K Feigelson, SB Fressato, JLB Nóvoa – 2009)
      Dentro desse escopo, sua análise se aprofunda entorno do “gênero histórico”. Essa caracterização é associada ao interesse duplo dos produtores objetivando ao mesmo tempo montar um espetáculo e também tornar a produção educativa, mesmo que tais produções venham a gerar desconfiança de vários historiadores, como o filme Átila, o Uno, de produção estadunidense que tem o ator Gerard Butler, atuando como Átila, mas recebeu crítica de parte dos historiadores porque Átila era oriental, provavelmente proveniente da Mongólia, então é de se notar que neste caso não houve um objetivo de representação fiel fenótipo do rei dos Hunos , mas sim usar um ator famoso para promover a “venda do espetáculo”. Dentro deste raciocínio, a análise do filme pode estar sujeita a inúmeros pontos de vista.

      Um grande abraço!!!

      Saudações!!!

      Paulo Cesar



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    7. Este comentário foi removido pelo autor.

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    8. Prezado Bryan, boa noite!!
      Continuando com as respostas fundamentadas e referenciadas.
      Falando sobre estereótipo, pode-se afirmar que os estereótipos são pressupostos ou rótulos sociais, criados sobre características de grupos para moldar padrões sociais. Um estereótipo se refere a certo conjunto de características que são vinculadas a todos os membros de um determinado grupo social. É, portanto, uma generalização e uma simplificação que relaciona atributos gerais a características coletivas como idade, raça, sexo, sexualidade, profissão, nacionalidade, região de origem, preferências musicais, comportamentos, etc. Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem padrões sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade. Os estereótipos são reproduzidos culturalmente e interferem (grade parte das vezes inconscientemente) nas relações sociais. Atualmente, os meios de comunicação e informação possuem um importante papel de reforçar (ou desconstruir) os estereótipos. “Disponível em:< https://www.infoescola.com/sociologia/estereotipo/>.
      Assim, quando você diz: “Outra questão é o sofrimento do aprendiz ao se aprender Kung fu. Não se trata de um estereótipo ocidental”. Na verdade o artigo está tratando do estereótipo oriental determinado pela visão euro-estadunidense em relação aos asiáticos conforme definição de estereótipo feita anteriormente, em especial a visão hollywoodiana sobre os asiáticos explicada pelo conceito de orientalismo, destacado no texto e na explicação dada aqui nesse fórum, e também referenciada no texto em questão.

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    9. Quando você diz: “Além disso, temos que pensar nos protagonistas Jackie Chan e Jet Li que possuem muitos filmes dentro da China. Quão grande é a responsabilidade deles nesse estereótipo do ocidente? Pois os filmes com cenas onde todos estão lutando não é algo só do ocidente. É preciso analisar a influência dos protagonistas em tal estilo também.”. Venho destacar que o artigo em questão visa externar a visão da indústria cinematográfica ocidental, em especial a estadunidense, em relação ao povo oriental.
      Vale ressaltar que o número de atores orientais usados em filmes de Hollyood é muito pequeno, tanto que o artigo consegue enumerar nomes específicos, pois conforme explicado anteriormente para a colega Lumena Rios, a “whitewashing”- escalação de atores brancos para interpretar personagens de outras etnias, é uma prática rotineira dentro do mundo hollywoodiano, justamente por contas do estereótipo oriental estabelecido pelo ocidente. ( “Disponível em”:https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-whitewashing-e-6-casos-polemicos/).

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    10. Quando você afirma: “Por fim, você nem sequer cita o nome do diretor para fazer a análise do filme. O que estava em jogo na produção deste filme? É necessário lembrar também que se trata de um filme comercial, sem preocupação alguma com a problematização das iconografias”. Infelizmente você se esqueceu de observar e pesquisar as referências bibliográficas elencadas neste texto e das pesquisas adicionais, as quais são:
      Burke, Pete. Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica- 2017. “Disponível em”: <- books.google.com>; “Acesso em”:<10/02/2019>
      Extremo Oriente em Antiguidades; André da Silva Bueno- Uma introdução ao problema do estudo da história “asiática” ou “oriental”- 2019; CECIERJ-CEDERJ; Aula 1.
      Extremo Oriente em Antiguidades; André da Silva Bueno- Visões do Orientalismo- 2019; CECIERJ-CEDERJ; Aula 2.
      História do Oriente ; Flávio Limoncic– Os nacionalismos judaico (sionismo) e palestino- 2019; CECIERJ-CEDERJ; Aula 2.
      História do Oriente ; Monica Grin– Orientalismo: o poder das representações do Ocidente sobre o Oriente na história contemporânea 2019; CECIERJ-CEDERJ; Aula 1.
      L Carmo. O cinema do feitiço contra o feiticeiro - Revista Iberoamericana de educación, 2003. “Disponível em”< rieoei.org>; “Acesso em”:<10/02/2019”>.
      Melo, Maria Elizabeth Pinto de- URBANO, Krystal; A Representação dos Asiáticos na TV Brasileira: Apontamentos Iniciais Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ- 8 de set de 2018; “Disponível em “; “Acesso em”<17/02/2019>.
      Sayuri, Juliana O mito da minoria modelo- Ou por que precisamos discutir discriminação contra asiáticos- 2017. “Disponível em” https://motherboard.vice.com/pt_br/article/787gka/o-mito-da-minoria-modelo; “Acesso em”<18/02/2019>.
      Vascouto, Lara. Coisas que Hollywood me Ensinou sobre Asiáticos- Setembro de 2016; “Disponível em”: ; “Acesso em”<17/02/2019>.

      Nas regras de publicação deste artigo delineadas pelos organizadores, não nos foi permitida a inserção de nota de rodapé, em vista disso, levando em consideração o número limitado de páginas a serem apresentados, os autores dos textos não teriam como inserir todos os detalhes do artigo, desta feita, foram colocadas as referências bibliográficas a fim de que os leitores pudessem consultá-las livremente. Além das citadas referências, sugiro ao leitor assistir ao vídeo, O encouraçado Hollyood de Ariano Suassuna (“Disponível em”:< https://www.youtube.com/watch?v=Dz5u1lhHFYM>).




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    11. Prezado Bryan, boa noite!!

      Acho que o colega está cometendo um equívoco ao fazer este tipo de análise, tendo em vista que o trabalho proposto é escrutinador, referenciado, direcionado para análise crítica de estereótipo negativo sobre os orientais estabelecido pelo ocidente, em especial a indústria hollywoodiana. E mais, é justamente por se tratar de um diretor britânico, visão do colonizador, ou seja, visão orientalista segundo os preceitos britânicos, não indianos, é que a abordagem do texto trata. Se o colega puder ler a resposta ao comentário da Valéria, bem como os demais feitos anteriormente aos seus, entenderá o meu ponto de vista sobre esta questão. Sugiro também ao colega fazer uma pesquisa sobre bollywood, e se tiver oportunidade, assistir as produções indianas e israelenses, pois desta forma, terás a oportunidade de entender o porquê das afirmações feitas neste texto sobe o estereótipo negativo dos povos asiáticos nos filmes estadunidenses.
      Um grande abraço!!!

      Saudações

      Paulo Cesar

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    12. Prezado Paulo Cesar, muito obrigado pelas respostas. É muito bom encontrar um fã de Tolkien!!

      Eu entendi tudo o que você disse. Imaginei que você teria algum limite na publicação do artigo. Quero que fique claro que não quero criticar de forma negativa seu trabalho. E como eu disse, não nego que há preconceitos na reconstrução dos personagens que fazem referencias aos orientais. Entendi qual a base do seu trabalho, porém, talvez, seu trabalho ficaria melhor se você focasse só em um filme. Por exemplo, usar o reino proibido e cruzar com outros filmes do mesmo estilo que apresentem o mesmo.

      Já no caso do quem quer ser um milionário, a grande dúvida que eu tenho é se o diretor britânico montou o filme sem refletir sobre. Por isso a necessidade de se falar no diretor, por exemplo. Eu conheço alguns filmes da bollywood, e é muito bom ver também o que a Índia produz sobre a Índia, mas a minha dúvida é, o diretor de quem quer ser um milionário só queria reforçar um estereótipo sobre a Índia ou fazer alguma crítica?

      Novamente, muito obrigado pelas respostas!

      Ass. Bryan Douglas Martins de Miranda

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    13. Prezado Bryan, boa tarde.
      Tendo em vista sua colocação: “...Já no caso do quem quer ser um milionário, a grande dúvida que eu tenho é se o diretor britânico montou o filme sem refletir sobre...”, fica muito difícil definir se o diretor britânico Danny Boyle refltiu sobre as questões sociais ao desenvolver este filme, pois é digno de nota que o filme não é concebido para ser um documento histórico. É feito em primeiro lugar para ser vendido e não para ser conservado num museu, ainda menos em arquivos. Não obstante isto não o impede de deter funções sociais diferenciadas, graças às quais a instituição cinematográfica - através da imprensa profissional primeiramente, da crítica em seguida, do discurso analítico hodierno, produziu grandes categorias de classificação reformuladas há alguns decênios pela televisão: jornais televisivos para informar, documentários para educar, ficção para distrair”.
      Essa caracterização é associada ao interesse duplo dos produtores objetivando ao mesmo tempo montar um espetáculo e também tornar a produção educativa, mesmo que tais produções venham a gerar desconfiança de vários historiadores.
      Fazendo um breve resumo do filme, é perceptível que Danny Boyle chama a atenção para o a questão social porque o filme se passa na Índia, na cidade de Mumbai. Percebe-se claramente as características de um país de grandes desigualdades sociais. “Jamal e Salim são dois irmãos que perdem a mãe ainda crianças e são lançados à exclusão, junto com eles está sua amiga Lakita em vários momentos. Jamal, passa a ganhar a vida servindo chá, Salim, encontra a vida no crime, e Latika acaba tendo experiências horríveis no mundo de sua sexualidade. Jamal e Latika mais do que companheiros de miséria, também se descobrem nas surpresas afetivas, porém, com muitas desventuras. Logo, pode-se dizer que o filme é muito rico e possibilita fazer debates em torno de questões sobre violência física, violência psicológica, violência sexual, desigualdades sociais, exclusão social, o poder do dinheiro e uma bela crítica aos programas de televisão neste formato.
      Mesmo não tendo um investimento inicial gigantesco, como a maioria das superproduções, este filme pode ser considerado como um Blockbuster ou obras arrasa-quarteirão, sendo que esta obra teve um grande apelo comercial e também uma massiva divulgação. No entanto, isso não impede que o mesmo tenha uma visão orientalista, quer seja ela intencional ou não. O fato de o diretor ter se baseado na obra de Vikas Swarup, um romancista e diplomata indiano, autor do romance "Q & A", o romance que serviu de base ao filme , isso por si só não impede a discussão do estereótipo negativo dos orientais cunhado pelos ocidentais, aliando-se a isso o fato de que Vikas Swarup teve uma educação secular ocidental , pois além de não viver a maior parte do tempo de sua vida na Índia, ele nasceu no seio de uma família de advogados e estudou no Boys' High School & College da sua cidade natal, continuando a sua formação na Universidade de Allahabad com estudos de Psicologia, História e Filosofia. Um fator a ser considerado nesta linha argumentatória pode ser a escolha do ator principal do filme, Dev Patel, um ator britânico. Por que Danny Boyle não escolheu um ator indiano levando em consideração que a indústria cinematográfica indiana já estava a pleno vapor quando o filme foi gravado? Algo a se pensar!
      Um grande abraço Bryan e obrigado pelas colocações e críticas construtivas, pois a mesmas ajudam a engrandecer quaisquer trabalhos!!

      Saudações

      Paulo Cesar

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  8. Olá, Paulo César. Obrigado pelo excelente texto!

    Tendo como base a teoria de Said - a de que o oriente foi representado de forma depreciativa para legitimar a conquistar imperial europeia - você consegue ver qual o motivo por detrás de orientalização presente nos filmes de Hollywood nos dias de hoje?
    Além disso, gostaria de saber se você acompanha o cinema chinês, por que seria interessante perceber se os chineses, em seus filmes, também orientalizam os "ocidentais", tendo em vista que estamos em uma virada geopolítica no mundo; saindo do domínio americano e entrando sob a redoma do Partido Comunista Chinês.

    Lucas Pereira Arruda

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    1. Olá Lucas, boa noite!
      Respondendo a sua pergunta: “... você consegue ver qual o motivo por detrás de orientalização presente nos filmes de Hollywood nos dias de hoje?”.
      Posso afirmar que é possível enxergar o motivo, tendo em vista a postura estadunidense no início do século XX até os dias de hoje, pois quando o cinema surgira como ferramenta poderosa para propagação de valores políticos e culturais, os estadunidenses souberam fazer um bom uso deste instrumento. De acordo com o historiador HOBSON, J. A. (1981), o imperialismo é um processo social parasitário no qual é caracterizado por interesses econômicos que persistem em existir no interior do Estado, cujo mesmo usurpa as rédeas governamentais promovendo a expansão do império e explorando economicamente as mais variadas nações e, além disso, ainda extorque, ou retira por assim dizer, as riquezas destas nações para que os luxos da nação imperialista sejam alimentados, utilizando assim de todos os meios possíveis para atingir seus objetivos. A cerca desta afirmação podemos perceber o enquadramento dos EUA nesta descrição, pois depois de ter se tornado uma potência no final do século XIX e início do século XX os estadunidenses lucraram em muito com a Primeira Guerra Mundial, pois por não estarem envolvido inicialmente neste conflito, e, mesmo depois de seu envolvimento não estarem localizados na área de conflito, eles acabaram se beneficiando com a carnificina europeia e passaram a despontar também como potência militar. Não obstante, com a grande depressão de 1929, ficou ruim para todas as nações. Depois veio a Segunda Guerra Mundial e daí em diante os estadunidenses despontaram como superpotência. Neste ambiente anteriormente mencionado os estadunidenses passaram a utilizar o como instrumento de produção em massa de filmes não só para fins culturais, bem como um instrumento político significativo para a coesão interna e agregar aliados, e também como fonte de arrecadação de recursos financeiros.
      No fim da grande guerra, o s EUA usaram o Plano Marshall (1948-1952), um programa de recuperação econômica para dezoito países, ampliando assim seu domínio no mercado internacional, em especial no mercado europeu, assim, semelhante a vários outros setores da economia estadunidense, a indústria cinematográfica também fora beneficiada. Países como a Itália e a Holanda receberam cerca de dois mil e seiscentos e mil e trezentos filmes americanos, respectivamente, no período de 1946 até 1949. Seguindo a mesma lógica, a Inglaterra teria recebido, em 1949 e 1950, algo em torno de oitocentos filmes. Paralelamente ao Plano Marshal, também fora pensada uma estratégia semelhante para o cinema, a qual fora formulada pela Motion Picture Export Association os America (MPEAA), uma associação de produtoras americanas com grande poder de influência junto ao governo. Os filmes tinham um objetivo político e ideológico claro. Para Susan Strange, (1988) a cultura faz parte do poder estrutural de um Estado, com seu sistema de representações, crenças, ideias e valores, estabelecendo normas de conduta e padrões de pensamento, que são fundamentais na mediação das relações entre indivíduos, instituições e Estados. Dentro deste prisma percebe-se uma combinação perfeita, o poder de Hollyood e a influência estadunidense adquirida no início do século XX.


      CONTINUA......

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    2. Depois veio a Segunda Guerra Mundial e daí em diante os estadunidenses despontaram como superpotência inaugurando uns cinco anos após findar a segunda guerra, a “Guerra Fria”, na qual do outro lado encontrava-se a antiga URSS e seus aliados, desta forma o panorama cinematográfico passou a focar o novo inimigo dos EUA. As motivações americanas para as intervenções diretas ou indiretas ao redor do globo podem ser caracterizadas pela proteção dos seus investimentos, e ao mesmo tempo o desenvolvimento de um reformismo político, o qual baseado na doutrina do Destino Manifesto expandiria a civilização norte americana na disputa de novos mercados levando os EUA a construir as bases do seu imperialismo como forma de escoar a suas produções, e por fim, manteria a “pureza” da raça branca, pois os estadunidenses jamais desejavam incorporar estados considerados inferiores aos seus domínios. Não obstante, por conta dos turbulentos anos 1970 no qual configurava o declínio dos EUA como potência mundial, o cenário internacional parecia pouco promissor: fim dos acordos de Bretton Woods, crise do petróleo, derrota norte-americana na guerra do Vietnã e inúmeros riscos prementes, fatos estes que afetaram a indústria cinematográfica também, que passou a criticar as políticas do governo, sendo a mesma considerada a partir deste ponto como de viés comunista.
      Depois da “recuperação” com o fim da Guerra Fria, a hegemonia dos EUA não seria mais a mesma, por este motivo é importante dizer que depois dos anos 1990, a hegemonia estadunidense durara por pouco tempo. Após um período sem precedentes de expansão da economia norte-americana, o “11 de setembro de 2001” e o receio acerca dos desdobramentos da “guerra contra o terror” levado a cabo pelo então presidente Bush fizeram com que os mercados globais entrassem num período de forte incerteza, exacerbando a situação precária da economia mundial até desembocar na crise financeira internacional em 2008. Daí durante este período, mais uma vez a indústria cinematográfica flerta com a política externa estadunidense, pois por ser uma indústria regida pela lei do lucro, fica claro que a grande maioria dos filmes produzidos em Hollywood é fiel ao estado ideológico e cultural do povo americano.
      Hoje temos a China como uma das maiores nações dos tempos. É o país que mais cresce economicamente, que tem a maior população, que tem a língua mais falada no planeta e um sistema de escrita que serve de base (e pode ser compreendido) por diversas outras nações que não falam chinês. Além disso, economicamente os chineses têm polarizado com os americanos em várias frentes, timidamente no âmbito militar também, logo, de acordo com o histórico estadunidense, é de se esperar que por conta dos inúmeros interesses norte-americanos, que a indústria cinematográfica estadunidense, quer explicitamente, quer implicitamente, venha travar esta guerra cultural- político e ideológica contra o gigante chinês.

      Ante ao exposto, entendo que a visão orientalista destacada por Said deixa claro que ao estereotipar negativamente os asiáticos, em especial os chineses, os estadunidenses deixam claro que por conta dos interesses políticos e financeiros, conforme mostra o histórico da nação norte americana, eles usam todas “as armas” que estiverem ao seu alcance para atingir tal objetivo.

      Saudações e um grande abraço!!!!

      Paulo Cesar


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    3. Lucas, eu geralmente assisto mais filmes indianos porque a NETFLIX disponibiliza inúmeros filmes indianos, bem como filmes ou séries do canal Yes, israelense, e que fez parceria com a NETFLIX, e também séries e filmes turcos. Tanto os filmes e séries indianos e israelenses procuram abordar situações e problemas locais; destacam também pontos de vista dos orientais em relação ao dos ocidentais, no entanto, de todos que tive a oportunidade de assistir, não percebi uma estereotipação negativa dos ocidentais, mas percebi que existe certa exaltação de suas capacidades militares e culturais, pois não podemos desconsiderar que estas nações são de origem milenar e de certa forma deram vários tipos de contribuições no desenvolvimento da civilização humana, ao contrário do que a visão orientalista eurocêntrica e estadunidense busca frisar.

      Um grande abraço e obrigado pelos elogios e suas colocações pertinentes!!!!

      Saudações

      Paulo Cesar

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  9. Excelente trabalho, sobre os estereótipos providos da mídias hollywoodianas com o oriente, elas como sendo uma continuidade dos preconceitos que ficaram em mais evidencia desde o tempo dos imperialismos estabelecidos pelos europeus no século XIX, como você relata mesmo após a chegada de excelentes atores asiáticos a essas mídias, alguns dele tiveram que se submeter a estereótipos para darem continuidade as suas carreiras o que evidencia todos esses rótulos dados a esses povos. Tendo em vista sua análise, achei bem interessante ter mostrando que algumas mídias como a netflix procuram fugir desses estereótipos buscando não so atores, como também diretores e roteiristas orientais para darem uma visão própria desses povos. Pensando nisto não acha que tais estereótipos não estão sendo combatidos, mas sim realocados para outros lugares, dado que o cinema ocidental está utilizando adaptações de enredos orientais, a exemplo de old boy, sete samurais, 42 rounins e transformando em histórias totalmente ocidentalizadas e não aumentando a presença asiática e alterando os enredos de modo que tais estereótipos sejam varridos dos debates?

    Luanna Klíscia de Amorim Mendes

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    1. Olá Luana, bom dia!!!!!
      Antes de te responder, desejaria fazer uma observação sobre o cinema, pois quando os irmãos Lumière inventaram o cinema, será que eles previram um desenvolvimento tão grande desta atividade, e que a mesma alcançasse uma plenitude tão extensa? Será que passou pela cabeça deles que este engenho seria usado por muitos historiadores e até mesmo no aprofundamento de pesquisas? Eles podem até ter pensado, mas como destacou Jorge Nóvoa: “... poderiam até ter pensado que a produção de imagens exibidas numa tela viesse a ter a sua cronologia registrada pelo historiador, mas não imaginariam que o cinema fosse adquirir uma importância tão grande para a história e para os historiadores”.


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    2. Pensando nas suas palavras: “..Tendo em vista sua análise, achei bem interessante ter mostrando que algumas mídias como a netflix procuram fugir desses estereótipos buscando não só atores, como também diretores e roteiristas orientais para darem uma visão própria desses povos....”. Achei interessante fazer uma abordagem sobre a posição da NETFLIX no que diz respeito às produções oriundas do oriente, porque no próprio texto é retratada a associação da NETFLIX com o canal israelense Yes. Tanto que mencionei sobre as produções de Hollyood estarem buscando de uma forma mais contundente, uma crítica mais diversificada do oriente, com foco numa visão menos estereotipada de cunho negativo daquela região, por isso que a obra Fauda é um sucesso, pois apesar de ser uma criação israelense e ser composta por atores regionais, a série teve que receber a “benção” da Netflix para se tornar reconhecida mundialmente. No entanto surge uma dúvida, qual foi o real objetivo desta associação?
      Podemos partir do princípio de que a NETFLIX conseguiu enxergar um mercado consumidor no Oriente Médio, bem como de todo o Oriente, pois é digno de nota que a indústria cinematográfica de um país é um setor econômico importante, pois a mesma ajuda acumular poder e riqueza. É válido lembrar também que esta indústria teve sua gênese no setor privado, sendo que o Estado norte- americano se aproveitou da mesma objetivando estimular um sentido de pertencimento coletivo, incentivando também outros governos a abrirem seus mercados para a indústria cinematográfica estadunidense. Como diz Renatho Costa, Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa (Unipampa): “[...]o cinema tem poder relevante no sistema internacional[...] Se ele não exclui Estados, pode deslegitimar sua atuação. A indústria cinematográfica norte-americana é a maior do mundo e a difusão do american way of life continua angariando simpatizantes[...] Por mais que o hard power ainda reine num cenário predominantemente “realista”, os filmes podem moldar o entendimento das pessoas e, quiçá, auxiliar na mudança das agendas. Os super-heróis que nos digam!”(“Disponível em”:< https://neai-unesp.org/o-efeito-hollywood-nas-relacoes-internacionais/>.
      Então Luana, tendo em vista as colocações precedentes, posso lhe dizer que concordo contigo na relocação feita pela NETFLIX, e também pela indústria cinematográfica norte americana dos estereótipos, no entanto, poder-se-á ir um pouco mais além porque existe neste escopo o interesse comercial. E como mencionado em comentários anteriores, o mercado consumidor asiático é assustador, pois temos as maiores populações do mundo localizadas nos países da Ásia; China, Índia, Indonésia, Paquistão e Bangladesh. E como destacou o Lucas Pereira Arruda nos comentários acima, “estamos em uma virada geopolítica no mundo; saindo do domínio americano e entrando sob a redoma do Partido Comunista Chinês”. Assim, não é de surpreender que ocorra esta adaptação da indústria cinematográfica americana para atingir este mercado. Desta forma, eles ‘atingem dois coelhos com uma cajadada só’! Ou seja, de certa forma eles estão, por assim dizer, ‘varrendo’ o estereótipo negativo do debate, mas ao mesmo tempo consolidando sua inserção neste mercado altamente promissor.
      Um grande abraço Luana|!!!!!
      Obrigado pelas colocações!

      Cordialmente,

      Paulo Cesar

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  10. Eduardo Barreto de Araújo8 de agosto de 2019 às 09:50

    Muito interessante o seu trabalho. Realmente os esteriótipos no cinema são recursos infelizmente muito usados para o "agrado" visual de um público. Serei breve na minha questão. Lhe questiono se você pensa ou como entende essas leituras doa personagens orientais como um produto estético com fins lucrativos dentro do produto cinema atual. Qual a relação que você estabelece entre estética e produção dos esteriótipos.

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    2. Olá Eduardo Barreto de Araújo, boa tarde!!!
      No que diz respeito à sua colocação, “um produto estético com fins lucrativos dentro do produto cinema atual”. Acho que a resposta que dei para a Luanna anteriormente se encaixa na sua abordagem, então, por favor, dê uma olhada na resposta acima e veja se atende aos seus anseios.

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    3. No que diz respeito à pergunta: “Qual a relação que você estabelece entre estética e produção dos estereótipos?” Posso destacar o seguinte ponto:
      Quando se fala em estética, é importante destacarmos a questão literária no contexto do orientalismo porque o mesmo foi cunhado justamente por conta de uma visão literária de um artista chamado Gustave Flaubert, que outrora se apropriou da temática oriental descrevendo o Oriente “como exótico, pérfido e sensual; definiu os costumes, as pessoas como grotescas. Dessa forma, caracterizou e materializou pressupostos de uma época”( DRA Prates - Vernaculum, 2016). De qualquer forma, pode-se dizer que análise artística literária está ligada à análise de um contexto histórico de uma determinada sociedade, constituindo assim uma importante fonte histórica, social e psicológica, nos permitindo compreender o contexto da criação da obra ou do período o qual a análise fora feita.
      Neste contexto, Edward Said desenvolveu um entendimento sobre este tema no que diz respeito à dominação europeia em vários sentidos, ele disse:
      “[...] desde a metade do século XVIII havia os elementos principais da relação entre o Leste e o Oeste. Um deles era um conhecimento sistemático crescente na Europa sobre o Oriente, conhecimento reforçado pelo encontro colonial bem como pelo interesse geral pelo estranho e insólito, explorado pelas ciências em desenvolvimento da etnologia, da anatomia comparada, da filologia e da história; além do mais, a esse conhecimento sistemático acrescentava-se um corpo de literatura de bom tamanho produzido por romancistas, poetas, tradutores e viajantes talentosos. A outra característica das relações oriental-europeias era que a Europa estava sempre numa posição de força, para não dizer dominação (SAID, 2007, p. 73).
      CONTINUA......

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    4. CONTINUA...

      Martins ( 2004, p. 68, 69), destacando o campo de desenvolvimento de novas ideias em toda a produção artística, esclarece que esta produção precisa ser explicada pelo contexto social, assim, observando o assunto pelo ponto de vista de Gustave Flaubert, sua visão sobre o Oriente, mesmo depois de ter viajado por vários lugares daquela região, estava “impregnada” de um olhar europeu, logo, ele descreve o Oriente no que acreditava ser a verdade segundo sua concepção. O problema foi justamente este, pois essa visão se manteve até os dias de hoje.
      É interessante notar que o estereótipo de “minoria modelo” sugere que orientais são indivíduos sérios, trabalhadores, éticos e centrados. No entanto, esta teoria é questionada por vários autores, tendo em vista que a mesma desconsidera a própria inferiorização dos asiáticos dentro da mesma teoria, levando em consideração que aqueles asiáticos que não conseguem se enxergar dentro deste estereótipo, tendem de certa forma a sentirem-se alijados ou deslocados desta classificação. A verdade, o estereótipo de minoria modelo, pode ser usado para tentar justamente disfarçar o preconceito contra os asiáticos, externado em especial na indústria cinematográfica estadunidense. É também notório, que além do preconceito da indústria cinematográfica, existe também a questão da inserção dos orientais em revistas de circulação geral. Percebe-se que o público feminino torna-se virtualmente invisível em publicações voltadas para este segmento, pois os orientais raramente aparecem em propagandas de cosméticos, artigos esportivos e alimentos. “De acordo com a Teoria da Cultivação, a exposição repetitiva a representações estereotipadas nas mídias pode levar o público a aceitar tais estereótipos como reflexos da realidade” (TAYLOR; LANDRETH; BANG, 2005). Ou seja, esse rótulo de ‘minoria modelo’, pode ser considerado também uma forma de estereotipação negativa, pois o mesmo fica restrito a determinado grupo de asiáticos, chegando assim àquela questão destacada pela Lunna, de que alguns acabaram se submetendo a isso por conta do sucesso e retorno financeiro, com Jet Lee, Jackie Chan, Lucy Liu e outros.
      Muito obrigado por suas colocações, e espero também ter atingido o ponto concernente ao seu questionamento construtivo!!

      Um grande abraço!!!
      Saudações!

      Paulo Cesar

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Parabéns pelo texto!
    De início gostaria de saber que elementos contribuíam para essa estereotipada visão que tem sobre o Oriente? Podemos dizer que a descoberta do do Oriente pelo Ocidente e o contraste cultural foi um dos motivos para essa estereotipaçao? Como você percebe essas valoração e atribuição de sentido que o Ocidente, apartir de sua cultura ocidental, deu para o Oriente?
    ROBERTO RAMON QUEIROZ DE ASSIS

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    1. Olá Ramon, boa noite!!!

      Por favor, leia o comentário acima sobre o questionamento do colega Eduardo Barreto, pois neste comentário se encontram os elementos que contribuíram para a gênese do orientalismo.

      Na resposta ao Lucas Pereira Arruda, eu faço uma abordagem do desenvolvimento da indústria cinematográfica estadunidense paralelamente com afirmação dos EUA como potência mundial, bem como a utilização do Estado norte americano do cinema como arma político- ideológica-cultural e econômica, na qual se destaca o estereótipo negativo dos asiáticos por Hollywood.

      Obrigado pelas colocações e elogios também!!!

      Um grande abraço!!!

      Paulo Cesar

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  13. Olá , boa noite primeiramente parabéns pelo excelente texto produzido, sou iniciante na carreira e gostaria que dentro de sua perspectivava você me oriente como trabalhar de forma correta e coerente a cultura oriental em sala de aula?

    Talita Souza da Rocha Rebello

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    1. Olá Talita, boa noite!!

      A colega Aline Blattmann em 5 de agosto de 2019 às 20:55 perguntou:
      Boa noite, Paulo Cesar, gostaria de parabenizá-lo pelo texto produzido, após analisar a cultura oriental qual alternativa você sugere para que nós professores possamos trabalhar de forma correta e coerente a cultura oriental em sala de aula?

      Aline Juliane Blattmann

      Por favor, leia a resposta que escrevi para ela, pois como se trata de uma pergunta semelhante a reposta servirá para dirimir suas dúvidas,,mas caso deseje uma explicação adicional e a mesma esteja dentro da minha capacidade, com certeza lhe responderei. Inclusive, no final da mensagem, deixei meu e-mail registrado caso ela quisesse informações adicionais, logo, o mesmo vale para você.

      Obrigado pelas colocações e que você possa ser bem sucedida em suas aspirações.

      Um grande abraço

      Saudações !!!!


      Paulo Cesar

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  14. Olá, Paulo Cesar!
    Parabéns pelo texto! Uma discussão bastante assertiva.
    A crescente predominância da linguagem audiovisual em nossa sociedade, e a profunda influência do cinema hollywoodiano, portador de um discurso dominante, no mercado brasileiro reverbera indiretamente na construção de perspectiva de mundo, principalmente nas gerações desprovidas de um certo poder/saber crítico sobre o mundo.
    Dito isto, gostaria de sugestões sobre como os professores de história deveriam/poderiam pensar/abordar o cinema hollywoodiano na sala de aula da educação básica como recurso, a partir da perspectiva de um discurso que possa operar criticamente essa visão estereotipada?
    Muito obrigado!
    Rivaldo Amador de Sousa

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    1. Olá Rivaldo Amador de Souza, boa noite!!!!

      Em 5 de agosto de 2019 21:36 Lumena Rios perguntou:

      Olá Paulo Cesar, parabéns pelo seu texto.

      Considerando que em sala de aula os alunos possam apresentar uma certa resistência em relação aos filmes produzidos no oriente e considerando também que a cultura oriental tem pouco espaço para ser trabalhada dentro do cronograma do professor, o senhor acredita que apresentar os filmes ocidentais e depois levantar um debate sobre os esteriótipos seria uma forma boa forma de mostrar os pontos negativos dos esteriótipos dos filmes ocidentais?

      Lumena Rios da Cunha Pereira

      Sugiro que dê uma olhada na resposta que dei para ela, pois a mesma abrange uma significativa parte de seu questionamento.

      Um grande abraço abraço!!!

      Paulo Cesar

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    2. A outra parte da resposta ficará muito grande prezado Rivaldo, mas vou postá-la aos poucos para que o você e os demais colegas possam considerá-la.

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    3. Cristiane Nova no artigo, O cinema e o conhecimento da História aborda dois pontos interessantes: o enquadramento do filme enquanto é considerado documento historiográfico e quando é considerado discurso sobre a História. Cristiane Nova delineia alguns procedimentos básicos na ajuda de uma leitura histórica de determinado filme. O incentivo ao pesquisador é: primeiro é que o mesmo selecione os títulos os quais irá desenvolver o seu trabalho; com a seleção feita, o próximo passo é partir para a análise individual de cada filme- resgatando a cronologia de produção do filme, verificando e comparando a película a ser utilizada, verificar as alterações realizadas pela censura, fazer um levantamento da equipe técnica de produção e dos seus custos de produção das fontes financiadoras. Logo, depois desta etapa o pesquisador partirá para a análise do conteúdo do filme. O interessante também, segundo Cristiane, é a consulta a outras fontes de pesquisa e o seu consequente cruzamento. Portanto, todas essas questões nos permitem afirmar que, enquanto documento histórico, qualquer filme também pode ser utilizado didaticamente, como instrumento auxiliar do ensino da História, por meio da realização da sua leitura histórica, em sala de aula, e da apreensão e discussão dos seus elementos constitutivos. Destarte o filme histórico como detentor de um discurso sobre o passado, coincide com a história concernente à sua condição discursiva. Por este motivo, podemos afirmar que o cineasta, nestas condições assume um papel de historiador mesmo que não adote métodos rígidos de trabalho relacionados às pesquisas históricas.

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    4. Leonardo do Carmo(2003) destaca:
      “O cinema como prática pedagógica pode fazer o aluno a se interessar pelo conhecimento, pela pesquisa, de modo mais vivo e interessante que o ensino tradicional, apoiado em aulas expositivas e seminários. O porquê do cinema na escola só se justifica se ele desperta o interesse pelo ensino no sentido tradicional, e, ao mesmo tempo, mostra novas possibilidades educacionais apoiadas na narrativa cinematográfica”.
      Leonardo Carmo em seu artigo, O cinema do feitiço contra o feiticeiro(ibidem), propõe a inserção do cinema na sala de aula sob dois enfoques: um filosófico, discutindo o cinema na educação; outro pragmático, teorizando a prática educativa do cinema em sala de aula. Sua proposta envolve análise do filme de uma forma mais profunda, mostrando que o cinema comercial e o cinema arte não são totalmente antagônicos como muitos autores assim o acham, defende também que o conhecimento e o entretenimento não estão tão distantes, sendo que ele conseguiu neste artigo defender seu ponto de vista exemplificando tais situações com várias produções tanto do cinema internacional, bem como do cinema nacional. Isto deixou claro que tal assertiva, segundo Leonardo Carmo, deveria ser mais explorada e direcionada para o âmbito pedagógico.

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    5. Jorge Nóvoa em seu artigo, Apologia da relação cinema-história; em sua argumentação, entende que os filmes podem ser tratados como documentos para a investigação historiográfica da mesma forma que livros , objetos artísticos, obras e os monumentos. Ele entende também que o cinema é um instrumento de massificação de ideologia, usado em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial. Não obstante, Nóvoa acha que ainda existe uma resistência forte ao uso desta ferramenta como complementação pedagógica porque o meio acadêmico não acompanha a revolução tecnológica paralelamente, criando assim dificuldades para a implementação das mudanças que são consideradas necessárias. Ele se preocupou em entender e explicar a dinâmica do cinematógrafo procurando explicar o que o cinema nos mostra mais do que outros documentos porque em seu estudo, citando principalmente Marc Ferro, Nóvoa observou que o racismo e a opressão das chamadas raças “superiores” se destacavam nas produções, segundo seu entendimento, dificultando a independência da obra no que diz respeito ao fato histórico, às vezes tornando o cinema um pouco conservador. No entanto, tendo em vistas sua análise através de uma visão espacial pode-se entender que o filme pode ser usado como uma ferramenta de ensino, bem como para o desenvolvimento de pesquisa, pois Nóvoa diz:

      O cinema é antes de tudo um espetáculo e, salvo exceções, o filme não é concebido para ser um documento histórico. É feito em primeiro lugar para ser vendido e não para ser conservado num museu, ainda menos em arquivos. Não obstante isto não o impede de deter funções sociais diferenciadas, graças às quais a instituição cinematográfica - através da imprensa profissional primeiramente, da crítica em seguida, do discurso analítico hodierno, produziu grandes categorias de classificação reformuladas há alguns decênios pela televisão: jornais televisivos para informar, documentários para educar, ficção para distrair”. ( o grifo é meu).
      Jorge Nóvoa não enxergava diferença entre o cinema real e o cinema de ficção, pois para ele não existia limite porque ambos são inspiradores mútuos estando intrinsicamente envolvidos, tornando assim uma espécie de “ficção da realidade”. Dentro desse escopo, sua análise se aprofunda entorno do “gênero histórico”. Essa caracterização é associada ao interesse duplo dos produtores objetivando ao mesmo tempo montar um espetáculo e também tornar a produção educativa, mesmo que tais produções venham a gerar desconfiança de vários historiadores, como o filme Átila, o Uno, de produção estadunidense que tem o ator Gerard Butler, atuando como Átila, mas recebeu crítica de parte dos historiadores porque atila era oriental, provavelmente proveniente da Mongólia, então é de se notar que neste caso não houve um objetivo de representação fiel do estereótipo do Rei dos Unos , mas sim usar um ator famoso para promover a “venda do espetáculo. De qualquer forma, se analisarmos o fundo histórico da produção, perceberemos muitas coerências históricas inseridas no contexto deste filme, as quais servem como parâmetro para um objeto de pesquisa e de consolidação educativa para o ensino da História.

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    6. Seguem as referências bibliográficas dos textos explicativos:

      NOVA, Cristiane. O cinema e o conhecimento da História- O olho da história, 1996, páginas 1-8.

      O cinema do feitiço contra o feiticeiro, L Carmo - Revista Iberoamericana de educación, 2003, página 2.

      Cinematógrafo: um olhar sobre a história Jorge Nóvoa - 2009- página 111.

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    7. Para Jairo Carvalho do Nascimento da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, os filmes ainda não são usados de uma forma conveniente na sala de aula, pois no seu artigo ele destaca o uso da pesquisa para provar que o uso de filmes ainda é tímido no mundo acadêmico e para a prática de ensino da História, tanto que nesta pesquisa ele identifica dois problemas: a ordem infra estrutural e a formação dos professores, em especial quando os mesmos lecionam História e não são graduados nesta matéria, alie-se a este fato que grande parte dos docentes resiste às alternativas existentes ao ensino tradicional. Não obstante, Jairo destaca algumas dificuldades inerentes na aplicação do uso do cinema no ensino da História. Por exemplo: o acesso aos recursos tecnológicos por parte dos alunos e a formação do docente, que em muitos casos não possui treinamento adequado para manusear os equipamentos e por fim, as condições das escolas para o desenvolvimento deste projeto.

      BIBLIOGRAFIA- Jairo Carvalho- 2008 página 11

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    8. . A questão da linguagem cinematográfica e de sua especificidade não encontra assim um lugar no esquema analítico para alguns, ao passo que para outros isso é comumente viável. Em vista disso, fica constatado que a diversidade de questões que se colocam ao historiador que aceita o desafio em trabalhar com documentos visuais e lida com a imagem cinematográfica. Mesmo reconhecendo que a sociedade contemporânea está absolutamente mergulhada num mundo de imagens, esta é uma proposta de trabalho inovadora e ousada que ainda não foi completamente absorvida pelo mundo acadêmico e as pessoas em geral. Por este motivo é importantíssimo entender que a utilização do audiovisual na escola dá a possibilidade de se trabalhar a visão e a narrativa do que é real, ou seja, apreciar a realidade através do cinema, dando a oportunidade ao aluno e a todos os interessados a ter a possibilidade de poder ter seus pontos de vistas renovados. É mister que o fundamental em todo o processo educativo, é usarmos intencionalmente todos os recursos disponíveis cujo os mesmos sejam integrados ao planejamento didático, dando assim a oportunidade aos alunos aprenderem mais eficazmente e com qualidade. E isso pode ser feito tanto no ensino fundamental, no médio ou nível superior porque podemos considerar que realmente, o vídeo pode ser, ou é uma ferramenta importante e produtiva, desde que seu uso seja bem planejado. Em consonância com tais afirmações e observações, podemos fazer uma aplicação dos pontos abordados usando exemplos de como isso pode ser feito no ensino da História em todos os níveis.
      A título de exemplificação, existe uma gama de filmes que poderíamos abordar para mostrar como pode ser feito um planejamento usando o audiovisual para o ensino da História, tais como: Príncipe do Egito, Príncipe da Pérsia, Rei Davi, Sansão e Dalila, Tróia, Ulisses, Escorpião Rei, 300, Alexandre, Hannibal o Invencível, Cleópatra, Queda do Império Romano, Ben Hur, Spartacus, Gladiador e Átila, o Huno. De que forma poderíamos apresentar estes filmes como objetos de estudo? Podemos afirmar que estas produções são produtos coletivos de aprendizagem, pois a mesma contém elementos comuns a uma coletividade e foram realizadas por uma equipe composta de diretor, produtores, financiadores, pesquisadores historiográficos e várias outras pessoas que contribuíram para o conjunto da obra. Assim sendo, quando o cineasta analisou estas obras, o mesmo assumiu um papel de historiador, semelhante ao carnavalesco de uma escola de samba quando prepara o desfile daquela agremiação durante o carnaval. Apesar do cineasta não usar um sistema metodológico rígido de trabalho historiográfico, ele sem perceber, ou percebendo, se torna um historiador.

      Ante ao exposto Rivaldo, tendo em vista as ponderações precedentes, bem como os variados comentários sobre estereótipo negativo dos asiáticos, acredito que as informações fornecidas possam ser de grande ajuda para o desenvolvimento dos trabalhos em sala de aula.

      Obrigado pelas colocações, um grande abraço!!!

      Saudações!!!

      Paulo Cesar

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Agradeço a todos os participantes pelos elogios, comentários e críticas construtivas, pois dialogando é que se aprende.

    Me sinto honrado por atuar como comunicador neste Fórum, por este motivo venho agradecer também aos organizadores por esta maravilhosa oportunidade, cujo a mesma vai contribuir em muito para o meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal.

    Muito obrigado a todos um grande abraço!!!!

    Cordialmente,

    Paulo Cesar Lopes

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